Etimologia

Começamos os trabalhos nas terças. Seguindo a filosofia carpem die, as minissaias resolveram implementar o carpem martis, pra começar o bom da semana logo cedinho. Aliás, como já dizia Vinícius “a vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas que é bom mesmo ninguém vai me dizer que tem, sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu e assinada em baixo: Deus. E com firma reconhecida!”
A idéia é a seguinte: depois da labuta diária, não diria enobrecedora mas necessária, caia na farra. Orgias gastronômicas, alcóolicas, culturais ou literais, o que quiseres, há de ser tudo da lei. Brazilian way of life! Todo dia é dia de “happy hour”ou seja, carpem die reinventado pelo império. Mas esse negócio de filósofo só depois da terceira dose. E latim, só no final da noite, quando temos quase certeza que trocamos uma idéia com o vira-lata da rua. Voltemos ao Happy hour. Que maravilha esse negócio, que invenção! Todos os dias quando ando pelas ruas do Recife nos finais de tarde e vejo os bares cheios, a conversa animada, uma musiquinha boa aqui, um negocinho acolá, penso: meu Deus, eita povo desocupado! Que coisa mais linda! Enquanto os cariocas veneram o horário de verão pelo finalzinho de tarde na praia, nós aqui em Recife, que não temos horário de verão, até mesmo porque sempre é verão, e a praia virou cenário de Spielberg, não abrimos mão de um finalzinho de tarde no bar, na hora perigosa do dia como dizia Clarice Lispector, cheia de poesia, num beco qualquer da cidade, quiçá com vista pro mar!
Mas essa conversa mole toda veio a propósito do happy hour fixo das minissaias. Às terças-feiras no Copo Americano, com direito a vista bucólica da praça do entrocamento e do trânsito da Rui Barbosa. Maravilha! Estamos sempre por lá para, entre outras coisas, discutir com os amigos o destino da quarta-feira e dos demais happy hours. Voilà!